1ª PARTE
Quando Saulo tornou-se Paulo, uma voz divina anunciou: “Vou lhe mostrar como você poderá gozar muito melhor a sua vida!” Será que é o que realmente está escrito na Bíblia? Pelo contrário, lemos: “Eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” (At 9.16).Foi o que Deus disse a Ananias acerca de Paulo. Portanto, foi quase o oposto do que muitos entendem hoje por vida cristã.
Prazer e sofrimento
O Novo Testamento está permeado pelo tom do sofrimento, e é justamente isso que não agrada à nossa velha natureza, que adora cuidar bem de sua carne e de gozar a vida. Paulo e Barnabé, por exemplo, exortaram os discípulos “a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (At 14.22).
Paulo, o apóstolo dos gentios, lembra a Timóteo, seu discípulo mais fiel, que “todos quantos querem viver piedosamente
Isso não soa como uma vida de prazeres e de riqueza abundante, como tanto se apregoa hoje
Será que Não acabamos literalmente criando um outro evangelho, um evangelho de bem-estar, que afaga o ego e o velho Adão?
Jesus e o sofrimento
A Carta aos Hebreus menciona, inclusive, que nosso Senhor, “embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu” (Hb 5.8). Se isso foi válido para o Filho de Deus, quanto mais vale para nós! O servo, como se sabe, não está acima de seu Mestre.
Pedro diz ainda mais: “Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado, para que, no tempo que vos resta na carne, já não vivais de acordo com as paixões dos homens, mas segundo a vontade de Deus” (1 Pe 4.1-2).
Tema recorrente
Sofrimento e não prazer ou bênçãos materiais é o tema recorrente nas cartas dos apóstolos. Paulo chega a dizer: “Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele” (Fp 1.29). De forma semelhante, Pedro admoesta em sua carta:“Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando” (1 Pe 4.12-13).
Será que isso ainda é proclamado em nossa sociedade de consumo, que já chega a “celebrar” o discipulado e a vida cristã? Será que frases tão negativas não deveriam ser sumariamente riscadas da Bíblia? Não acabamos literalmente criando um outro evangelho, um evangelho de bem-estar, que afaga o ego e o velho Adão?
(CONTINUA)
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